Seis mil. Um número que ecoa a dedicação e a criatividade de uma turma que não economizou esforços para um pedido especial. Seis mil post-its transformaram um simples convite em uma declaração de carinho memorável. Petterson Dias, o mestre da física que inspira seus alunos do terceirão, foi o protagonista dessa demonstração de afeto arquitetada nos mínimos detalhes pelos futuros universitários. O objetivo? Torná-lo o padrinho da formatura que marcará o fim de um ciclo e o início de novas jornadas em dezembro.
Mas a saga para concretizar esse sonho adesivo foi muito além da colagem em massa. Para reunir a montanha de papéis coloridos, os balões vibrantes e os adereços que dariam vida à surpresa, a turma embarcou em uma missão financeira: uma vaquinha que uniu os corações e os bolsos dos pré-vestibulandos.
O plano original, digno de um filme de comédia, era cobrir a relíquia automotiva do professor – seu amado carro – com a avalanche de post-its, adornados com um cartaz que estampava a pergunta crucial. Contudo, o destino, sempre ele, resolveu adicionar uma pitada extra de emoção à trama. No fatídico dia da execução, Petterson trocou quatro rodas por duas, optando pela motocicleta para ir ao trabalho.
“A gente teve que ligar para a esposa dele levar o carro”, revela Giovana Terra, a líder da turma e estrategista-chefe da comissão de formatura, com seus 17 anos e uma dose admirável de desenvoltura. O plano B, acionado em tempo recorde, funcionou… por um instante. O carro chegou ao ponto de encontro, mas faltava a cereja no topo do bolo para garantir o impacto desejado.
Eis que a coordenação da escola, cúmplice silenciosa dessa linda história, entra em cena com uma atuação digna de Oscar. A coordenadora, com a serenidade de quem guarda um segredo precioso, abordou o professor em sala de aula com uma notícia alarmante: sua moto havia caído.
A preocupação estampada no rosto de Petterson ao sair apressado da sala deu lugar a uma explosão de cores e alegria. Lá estavam seus alunos, um exército de sorrisos, empunhando balões e o tão esperado cartaz em meio ao mar de post-its que envelopava seu carro. O resto, como dizem, é história – uma história que selou o laço entre a turma do terceirão A e seu padrinho escolhido a dedo.
“Ele foi escolhido porque é um professor muito legal, não tinha como ser outro”, resume Letícia Gellio, traduzindo o sentimento unânime da classe.
O carro, um charmoso Civic Coupé de 1994 que ostenta até um perfil dedicado no Instagram, não foi coberto aleatoriamente. Ciente do valor sentimental e da paixão do professor pelo veículo, a turma o protegeu carinhosamente com papel filme antes de colar os milhares de adesivos, um gesto que demonstra cuidado e consideração.
“E aí foi isso, a gente achou que ele ia ficar bravo, mas acho que ele ficou mais feliz e assustado do que preocupado com o carro. Esse foi nosso convite de padrinho”, finaliza Giovana, com a certeza de que a dedicação e a criatividade da turma criaram um momento inesquecível, um verdadeiro mosaico de emoções que transcende o simples pedido de um padrinho.
